A Intenção Das Minhas Palavras

    Não é possível falar sobre como comecei a me dedicar à escrita sem falar sobre como comecei a ler. Eu, verdadeiramente, li um livro quando eu tinha 12 ou 13 anos. Antes disso, eu pulava páginas e mentia sobre ter lido alguma coisa aos meus pais, amigos e professores. Eu, aos poucos, comecei a ler clássicos brasileiros. Alguns deles eram interessantes, mas demorei para encontrar sobre o que gosto de ler. Cheguei aos livros estrangeiros e a novos gêneros, como não-ficção. Infelizmente, quando eu comecei a entender mais sobre mim e sobre os livros, eu entrei no Ensino Médio. Foi uma fase muito difícil, adoeci e sofri com a pandemia da Covid-19. Enfim, houve, sim, algo que se aproveitasse. Li "Admirável Mundo Novo",  "Eu, Robô" e outros livros menos conhecidos do Asimov e "Flores Para Algernon" - provavelmente, o melhor livro que já li. Eu gostaria de ter pensado mais em mim e menos em provas, méritos e certificados. Por que eu não pensei no que realmente valia pra mim? Enfim, depois de ter passado por um período estressante, tentei voltar a ler. Eu tinha que me recompor. Eu já escrevia alguma coisa brevemente, achando que eu poderia ser, ainda jovem, o próximo Saramago. Há muito dele que eu ainda quero ler. Voltei a ler e tive algumas leituras proveitosas. Para um jovem, o qual é ainda informe, ler ajuda a imaginar como você poderia ser, uma vez que você percebe como os outros são, desde as personagens até os escritores a partir do formato, da eloquência e da  efusividade da sua escrita e das suas palavras. Eu aprendi muito. Mas, quando penso em tudo que já li, quando busco fazer uma recapitulação das minhas leituras e quando vejo todos os livros no meu quarto que ainda não li e que parecem possuir mais uma finalidade decorativa, eu fico surpreso com tudo o que eu ainda não sei e poderia me tornar graças às bençãos das palavras. Eu também fico feliz, pois penso que meus intervalos estarão ocupados, que ainda poderei ver aquelas paisagens que sempre vejo de uma maneira diferente graças às novas palavras que aprenderei, e que significam o mesmo, e que a minha vida, certamente, não será um clichê. Eu quero escrever para mostrar às pessoas um pouco dessa sensação que eu sinto e de outras sensações que, talvez, só eu posso proporcionar a partir da profusão das minhas ideias e da combinação das minhas palavras, visto que só eu li, exatamente, o que eu li e imaginei os cenários que eu imaginei. Até porque "às vezes as palavras têm dois significados." Referência à Banda Led Zeppelin. Eu também gosto de música e de suas letras. Eu quero que, quando eu compartilhar minhas sensações e ideias, minhas palavras tenham a mesma potência que uma das melhores canções escritas por Paul McCartney, a mesma acidez que as críticas e os livros escritos por George Orwell, o mesmo magnetismo que um roteiro de Tarantino, a mesma paixão que os versos de Vinícius de Moraes e possuam o "sentimento do mundo", como diz Drummond, ainda que, da mesma forma, eu só tenha duas mãos. Ainda quero escrever um artigo, um livro, um poema, um roteiro de cinema e uma canção. Sei pouco, mas quero saber mais. Claro, há algumas coisas que você só aprende com experiências concretas de vida, diferentemente dos delírios que tenho antes de dormir. Por isso, se houver alguma intenção nas minhas palavras, saiba que ela é o descobrimento do mundo, das nossas sensações, de nós mesmos e, além disso, o combate da, se Deus nos permitir, mesmice de nossas vidas.